Texto retirado na íntegra de: http://www.blogdaaudiodescricao.com.br
A internet é uma ferramenta de acessibilidade ainda
subutilizada. No tocante às imagens, não basta saber editar o HTML e
inserir um atributo "alt", se a descrição da imagem não disser algo
substancial, significativo, para o internauta com deficiência visual. No
Facebook existe a opção de inserir uma descrição da imagem postada, mas
a maioria das pessoas ainda ignora a presença dos que possuem limitação
visual nas redes sociais. Audiodescrição/descrição de imagens ainda é
novidade.
Descrevo imagens para meu blog, sistematicamente,
desde 2007 [antes disso já descrevia para livros em Braille e Livro
Falado]. Quando passei a usar o Facebook, site com um alcance obviamente
muito superior ao do meu blog, continuei a descrever meus álbuns,
causando estranhamento em muita gente, que não entendia meus motivos
para inserir uma legenda enunciando algo que estava diante dos olhos de
todos. Qual a importância de uma redundância dessas?
Com o objetivo de esclarecer esse estranhamento para
os leigos e atraí-los para a atividade e também, ambiciosamente, tirar
os que já trabalham com a temática da deficiência visual, incluindo
pessoas cegas, de suas zonas de conforto e convocá-los a assumirem seus
postos de produtores de acessibilidade, criei o projeto Pra Cego Ver, cuja meta era a produção de conteúdo imagético acessível para Facebook.
Ainda sem parceiros e sem saber direito como começar,
criei um evento simbólico na internet. Pessoas de todo o mundo podiam
confirmar "presença". A lista dos que foram convidados por mim continua
lá, bem como a lista dos que aceitaram, recusaram ou deixaram o convite
em aberto com um "talvez". Com o fim, também simbólico, do evento [na
verdade eu estava sob o limite imposto pelo Facebook, que me dá o prazo
de 4 meses para cada evento], criei uma página permanente, na qual
audiodescritores profissionais, majoritariamente do Sul do Brasil, e
amadores, têm colaborado com o envio de imagens e suas respectivas
descrições. Está dando certo e muitas pessoas cegas já compartilham
imagens descritas, espalhando acessibilidade pela rede.
A comunidade tem crescido. Fico feliz quando vejo
pessoas cegas de minha rede compartilhando imagens descritas por mim e
pelos voluntários que estão aderindo à causa, somando esforços e fazendo
o projeto Pra Cego Ver mais encorpado, mais colaborativo, mais
criativo. Minha alegria aumentou quando recebi imagens descritas pela
Mimi Aragón e quando Bell Machado, dentre outros queridos profissionais,
aderiu à página [ou curtiu, como diz o jargão da net]. São tantas
pessoas bacanas ajudando, somando, fazendo acontecer, aos poucos, o
sonho de uma rede social mais acolhedora, mais acessível para todos.
O desafio agora é atrair pessoas para descrever uma
imagem por semana, toda quarta-feira:
https://www.facebook.com/PraCegoVer/posts/434114996619016
Unindo forças, a acessibilidade é possível, sim.
Conheça a página: Pra Cego Ver
Abraços,
Patrícia Braille
Parabéns pela campanha! Muito valiosa. Confesso q nao entendia quando via a hashtag, pois pensava: poxa, se o cego não ve a imagem, tb nao lê a descrição. Com o tempo, e conhecendo algumas pessoas com deficiencia, passei a saber dos programas e apps que leem as páginas de internet, mas q nao conseguem "ler" as imagens. Assim a campanha fez sentido e ganhou meu respeito.
ResponderExcluirAinda ha muitas pessoas ignorantes como eu era (sem ser pejorativa) e a divulgaçao eh de grande importancia no trabalho de busca por equiparaçao de condições e de acesso.Siga firme! Um abraço